Está tudo mais vazio e cinzento
desde que te foste. Tudo aquilo que eras, o bom e o mau já não existe; ou
melhor, existe mas apenas como uma memória que não pode ser revivida.
Nós valemos por aquilo que fomos
mas também por aquilo que podemos vir a ser. Tu já não serás nada. E dói saber
que ambos acreditamos nisso: que nunca mais nada voltará a ser. Tu nunca mais
serás tu e eu nunca mais te terei suficientemente perto para ser eu outra vez. A
vontade de pedir ao tempo para voltar atrás é imensa mas, sejamos realistas,
que teríamos feito de diferente? Qual foi afinal o momento passado que ditou o
que aconteceu, que criou este presente vazio e cinzento? Sinto a tua falta em certos
dias mais solitários e abandonados. Tu eras o meu ombro, conhecias os monstros
debaixo da minha cama, eras a opinião sempre imparcial e por vezes fria, aquele
que sem saber melhor me conhecia e previa. Quando recordo momentos em que
realmente fui eu própria, tu és o denominador comum.
Tarde demais para intelectualizar
e tentar arranjar um motivo por as coisas terem sido assim. Será que não estava
nas minhas mãos, será que podia ter feito mais, ter tentado mais uma vez, ter
fechado os olhos e seguido em frente? Será que é tarde demais e ninguém mais
será capaz de preencher o que deixaste? Pode ser que um dia, num outro plano,
nos voltemos a encontrar e tudo já tenha ficado para trás, a tábua esteja rasa
de novo e sejamos nós outra vez. Entretanto, onde quer que estejas e onde quer
que a vida te leve, estarei sempre a torcer por ti.
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