quarta-feira, 30 de julho de 2008

Distâncias desenhadas


Sinto-te cada vez mais longe de mim.
Tenho um medo terrível de errar e de, sem querer, ficar ainda mais perto da solidão. O silêncio do teu olhar abriu a porta à tristeza que desde então me invadiu. Tento ver nele qualquer coisa que alimente uma réstia de esperança para o meu futuro mas os teus olhos permanecem inexpressivos ao se cruzarem com os meus.
No entanto, a tua aparente indiferença não me desarma, sei que hei-de chegar mais perto desse teu espírito incansável e erróneo. Dou um passo em frente todos os dias, com o teu consentimento aproximo-me um pouco mais. Os teus olhos vagueiam pelas ruas e pelos céus ao som da música que toca; acho que não sabes o que procuras. Permaneces distante quando as atenções se centram nos teus actos e nas tuas respostas. Gosto de ti assim, vacilante mas com confiança naquilo que és e podes ser.
Quero chegar mais perto, invadir o teu pensamento, penetrar nos teus desejos e fazer parte dos teus planos mas sei esperar pelo momento certo. Procuro cruzar o teu olhar com o meu e, devagar, convergir as nossas conversas, fazê-las seguir a mesma direcção, na esperança de que te apercebas de tudo o que partilhamos, tudo o que somos e podemos ser no plural.
Sinto-te cada vez mais longe de mim.
para aquele alguém em particular...

domingo, 20 de julho de 2008

Ansiedade

"Esperei o meu herói. Satanás veio, arrastando atrás de si o seu Inferno. Se na eternidade houver tormentos, creio bem que a sua forma não será uma fornada ardente nem a sua natureza um desespero. Creio que, num certo dia, entre aqueles dias que nunca nasceram e nunca findarão, um anjo entrou na morada dos mortos, parou, cintilou, sorriu e pronunciou a profecia de um perdão condicional, acendendo assim a duvidosa esperança de felicidade, não presente, mas para dia e hora ignorados, revelando na sua própria glória e grandeza a altura e o âmbito da sua promessa. Tendo assim falado, transformou-se numa estrela e desapareceu no seu próprio céu. O seu legado foi a ansiedade - pior dádiva que o desespero."

Charlotte Bronte in Villete

domingo, 13 de julho de 2008

WANTED

No trabalho, o seu patrão parece viver para o humilhar à frente dos colegas.
Em casa, a sua namorada parece ser um íman sexual para todos os homens... excepto para ele próprio. Não é por isso de estranhar que Wesley (McAvoy), de 25 anos, tenha de tomar comprimidos para controlar os ataques de pânico. Mas a chegada da sensual Fox (Jolie) irá mudar para sempre a vida patética de Wesley. Fox vai recrutá-lo para a "Fraternidade", uma sociedade secreta de assassinos com capacidades extra-sensoriais, cujo mote é matar um para salvar milhares. Agora, ao descobrir forças que estavam adormecidas no seu corpo, Wesley vai renascer... mas também descobrir que as intenções dos seus parceiros poderão não ser tão nobres quanto parecia.

in CinemaGate.pt


sexta-feira, 4 de julho de 2008

Arriscar


É preciso saber viver.
Hesito sempre entre arriscar ou não me aventurar, não sei como acabo por me decidir, não tenho regras nem padrões. Vou onde a minha mente quer ir, sem consultar mais nenhuma entidade psicológica. O mais comum é seguir viagem sem grandes expectativas mas tentando sempre agarrar aqueles momentos que às vezes a estrada proporciona. Mudar de rotina, arriscar mais um pouco e ir mais além mesmo que não haja continuidade.
Não podemos viver sem ilusão pois é ela que estabiliza o nosso estado de espírito, o nosso grau de confiança no futuro. Não dependo só de mim mesma e aceito os desvios e obstáculos, embora nem sempre os contorne. Quando começa a ficar tarde, temo pelo fim do momento, peço mais uns minutos, quero que alguém diga o que desejo ouvir mas tal não sucede e fico, então, à espera de outra oportunidade semelhante que se prove mais frutífera e menos passageira. Mas nunca depende só de mim, os poderes estão bastante delegados, pouco me resta para arriscar.
É preciso saber viver.