A inspiração escapa-me.
Ela obriga-me a refletir mais do que o costume, a
deitar amarras na minha mente e a biscar significados. Obriga-me a regressar ao
passado, reviver situações e emoções na esperança de que ainda façam sentido,
ainda estejam presentes.
Obriga-me a deixar-te ir, deixar-te fugir do lugar
que por minha culpa ocupas e te recusas a abandonar. Obriga-me a abrir os
horizontes, a pensar para lá dos limites. Obriga-me a interromper o curso do
pensamento sempre que ele pareça desviar-se do seu objetivo. Obriga-me a fazer
uso do condicional, a projetar fisicamente a minha vontade e impulsos.
Obriga-me a deixar de lado frases feitas, clichés
e hábitos enraizados na minha escrita. Obriga-me a procurar novos termos e
temas e novos rumos para o meu discurso.
Mas, e apesar de todas estas obrigações, de todos
os caminhos que me obriga a percorrer, a inspiração continua a escapar-me, de
mansinho, por entre as garras da minha mente.
Sem comentários:
Enviar um comentário