quinta-feira, 12 de março de 2009

Pedro e Inês - VI

Pedro:

Sei que digo que o teu silêncio não me incomoda, mas a tua ausência fica mais presente quando pareces desistir de mim. Os dias passam e parecemos ficar para trás, será que nos acomodamos ao passado?
Sempre foste tu a ter coragem, a dar todos os passos, enquanto eu permanecia sempre no meu canto, protegida e evasiva. Odeio dizê-lo mas a culpa é minha e preciso de te fazer ver que, no entanto, nem por um momento, deixei de te ter presente.
Justiça não é uma palavra que se possa usar nestas ocasiões: o que sentimos e pensamos nunca parece muito justo aos olhos do outro.
Nunca sei como pôr o que sinto e penso em palavras pois isso implica uma capacidade de síntese que eu não domino. Temo o teu olhar inquiridor e compreensivo, ainda não aprendi a lidar com ele. Temo mais a minha reacção às minhas palavras do que as tuas.
Gostaria que as coisas fossem mais simples do que são na realidade, mas desejo, antes de mais, fazer-te perceber isso mesmo – que, embora pareça depender apenas de nós mesmos, há algo que me escapa mas me dirige e controla sem eu saber bem como ou porquê.
É já mais uma questão de fé do que de esperança o que me faz querer explicar-te tudo o que puder. Não sei se é do que precisas neste momento ou se fazer-te compreender em parte o que se passa deste lado da equação é o que menos queres.
Não deves conseguir imaginar tudo o que penso, todas as realidades alternativas a que pertences na minha mente. Mas também não quero que imagines todos os finais inglórios que me assombram no dia-a-dia.
Penso ainda desconhecer as palavras perfeitas para certos momentos e não tenho a confiança e a lógica de que necessito para te dar certezas.
Não nos merecemos um ao outro.

Inês

FIM
n.r.: Personagens e conteúdos meramente fictícios

4 comentários:

Anónimo disse...

Minto se digo que o teu silêncio não me incomoda mas a distância é pavorosa e a dor que a acompanha afasta-me de ti em passos de coração.

Essa coragem que veneras vêm da minha vontade de estar contigo. Tentas ficar com as culpas como o anjo que és, mas esqueces que não te tiro desse canto por medo de te perder.

Também não sei como pôr o que sinto e penso em palavras mas acredito que um dia os actos falem mais do que qualquer frase alguma vez poderia dizer.

Nem tudo é tão complicado quão acreditas, tudo depende de nós, talvez um dia consigas vejas que digo verdade.

Nem eu sei se do que preciso mas quero compreender-te, quero saber quanto há para saber sobre ti e quero que sejas tu a dizer-me.
Não consigo imaginar tudo o que pensas, isso é impossível, mas gostava que partilhasses livremente
os teus pensamentos, sonhos e ilusões.

Desconheces as palavras perfeitas que ninguém sabe ao certo e deixas-te levar pela incerteza mas o amor nunca foi algo lógico.

Não nos entendemos verdadeiramente, ainda estamos separados entre os pensamentos e os sentimentos, mas não digas que não nos merecemos. Ninguém têm o direito de decidir tal coisa, se os sentimentos que tenho por ti são verdadeiros não me interessa o que mereço mas sim o que quero.

Não digas que é o FIM nem digas que acabou, acredito que virá o dia em que serás a minha maior alegria.

Sinceramente, Pedro

Anónimo disse...

Algumas correcções:

"consigas ver que"

"Nem eu sei do que preciso"

Trivela7 disse...

Personagens e conteúdos meramente fictícios...

Anónimo disse...

Eu sei, mas gosto de finais felizes.

:)

PS: Perdão pela intrusão na tua fantasia mas faltava-lhe alguma alegria.