Em diversos momentos, Inês desejou saber o que se passaria na cabeça de Pedro e se pudesse descobri-lo tê-lo-ia feito sem pestanejar. Os sinais que recebia ora a deixavam contente e com esperança, ora lhe pareciam destruir a ilusão por completo e arruinar o momento. Embora raro, falar com Pedro fazia-a sentir bem consigo própria, ele parecia interessar-se por tudo o que ela lhe tinha a dizer e não se coibia de fazer os mais variados comentários. Mas havia momentos em que isso não chegava, em que Inês precisava de clareza, não de palavras ocasionais mas sim das palavras certas ditas no momento certo. Contudo, o momento nunca mais chegava e faltava-lhe a coragem para fazer o tempo avançar e deixá-la no exacto dia, na exacta hora em que tudo seria esclarecido e em que a ilusão se desvaneceria.
Pedro não deveria perceber nada do que se passava na mente de Inês mas, por vezes, parecia conseguir vislumbrar a verdadeira razão dos seus comportamentos. Já a conhecia suficientemente bem para a conseguir ler e saber quando bastava um gesto ou se era preciso mais do que uma palavra para ela ficar bem. Nem ele sabia dizer o que tudo significava, se ela era já mais do que uma mera amiga ou se era apenas e só uma pessoa com quem gostava de estar.
n.r.: Personagens e conteúdos meramente fictícios
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