Não devia ter
confiado em quem confiei, e deixado em mãos alheias decisões que me cabiam a
mim tomar. Fui débil e dependente e deixei-me influenciar. Não soube confiar na nova capacidade de reflexão que me trouxeste, na
confiança que me tinhas, para poder perceber o que realmente se passava.
Não devia ter deixado
o tempo passar e arrastar com ele as palavras que ficaram por dizer e os gestos
que existiam apenas numa realidade alternativa. Esse tempo que te afastou cada
vez mais de mim e da vida que nos fez mais próximos num momento em que nem
sabia que te esperava.
Não devia ter
confundido quem eu era com aquilo em que por tempos me transformei. Devia ter
cortado com o passado e com as lições que dele aprendi e começar do zero, não
te ver como um exemplo do que sempre imaginei que serias quando finalmente chegasses,
mas apenas como alguém que chegava para ficar.
Devia ter tido prioridades: devia ter sido eu o centro da discussão, o
ponto fulcral de todas as decisões, o cerne de todas as questões, o critério de
desempate, a pessoa que fizesse a diferença.
Mas
não foi assim.
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