terça-feira, 27 de março de 2012

A pele que há em mim - JP Simões e Márcia


Quando o dia entardeceu
E o teu corpo tocou num recanto do meu,
Uma dança acordou e o sol apareceu
De gigante ficou, num instante apagou
O sereno do céu.
E a calma a aguardar lugar em mim,
O desejo a contar segundo o fim.

Foi num ar que te deu e o teu canto mudou
E o teu corpo do meu uma trança arrancou
E o sangue arrefeceu e o meu pé aterrou,
Minha voz sussurrou: O meu sonho morreu.

Dá-me o mar, o meu rio, minha calçada.
Dá-me o quarto vazio da minha casa.
Vou deixar-te no fio da tua fala.
Sobre a pele que há em mim tu não sabes nada.
Quando o amor se acabou e o meu corpo esqueceu
O caminho onde andou nos recantos do teu
E o luar se apagou e a noite emudeceu
O frio fundo do céu foi descendo e ficou.

Mas a mágoa não mora mais em mim
Já passou, desgastei para lá do fim
É preciso partir.
É o preço do amor para voltar a viver.
Já não sinto o sabor a suor e pavor
Do teu colo a ferver, do teu sangue de flor
Já não quero saber.

Dá-me o mar, o meu rio, a minha estrada.
O quarto vazio na madrugada.
Vou deixar-te no frio da tua fala.
Na vertigem da voz quando enfim se cala.

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