|
Querido
coração:
Desisti
de ti. Não vou mais ficar à espera que me percebas e me dês aquilo que sempre
tomei como certo da tua parte. Não sabes ser justo, não sabes trabalhar em
conjunto. Sempre respondes às minhas demandas com o máximo que me podes dar, mas
isso apenas já não é o suficiente. Quero mais. Quero deixar de recorrer a ti
por uma questão de hábito provocada por exemplos passados bem-sucedidos. Não me
interessa o que já foi, o que já significaste, o que me deste; interessa o hoje
e o agora em que já não és o mesmo. Dou-te demasiado valor às vezes, talvez até
te exija demais mas gostava que me desses tudo aquilo que eu estaria disposta a
dar-te. Como eu gostaria de voltar atrás e não precipitar as coisas, nunca te
ter posto nesse tão alto patamar que não te permite senão descer. Exigi
demasiado de ti talvez, esperei que me desses sempre as respostas que precisava
na esperança que me pedisses o mesmo a mim – estava disposta a dar-to – mas
nunca conseguimos ser iguais… Tu sempre foste o mais importante, o
indispensável, ao contrário de mim. Mas isso muda agora. Quero a minha
liberdade de escolha de volta, por muito limitada que ela possa ser sem ti. Vou
tentar seguir em frente deixando-te no caminho. Sei que vou continuar a olhar
para trás e a desejar regressar àqueles inícios em que tudo entre nós era tão
mais simples, mas é isso que me vai fazer seguir em frente: pensar que as
coisas já não são assim e que eu mereço que me vejam, me deem e me peçam tudo
em porções equitativas. Nenhum de nós deve ter vantagem sobre o outro, o jogo
deve ser justo e imparcial; apenas já não quero mais do mesmo. Quero mais.
Da tua
razão
Sem comentários:
Enviar um comentário