Os dias passavam e Pedro já fazia parte dos seus pensamentos, escritos e sonhos diários, ele estava já demasiado presente para ser ignorado. Começou então a fase de adaptação e foi necessário correr alguns riscos, calculados, é certo. Abriu-se uma janela de oportunidade e Inês espreitou sem ter a certeza de querer entrar por outro lado que não a porta. Acabou por não aproveitar tudo o que deveria ter aproveitado.
Agarrou-se aos pequenos momentos que tinha com ele e sem ser demasiado comprometedora deu um pouco mais de si do que era normal. Mas todos esperam algo em troca e quando esse algo não corresponde às expectativas, acende-se uma luzinha algures no cérebro que nos faz querer racionalizar tudo.
Inês era uma pessoa muito racional mas propensa à ilusão. Sentia que havia algo no ar mas não se seria suficiente para ela e sobretudo para ele. A mente de Pedro também parecia ocupada por outro alguém e isso matava-a de angústia. A ausência de som, de toque, de resposta fazia-a pensar demasiado, a presença inconstante dele fazia-a fugir no momento errado. Não havia um meio-termo, um momento, um instante em que tudo estivesse conjugado para que Inês se pudesse sentir verdadeiramente feliz.
Havia aqueles malfadados momentos em que nada lhe corria bem, em que as palavras dele a magoavam sem Pedro suspeitar. E não eram raros esses momentos em que só lhe apetecia voltar atrás e controlar os seus sentimentos e expectativas. Mas, de uma maneira ou de outra Pedro parecia sempre reconfortá-la, como se conhecesse o motivo da distância e da tristeza do seu olhar e, com poucas palavras e gestos, Inês voltava a confiar nele.
n.r.: Personagens e conteúdos meramente fictícios
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